Fizeram a gente acreditar - John Lennon

Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos.
Não contaram pra nós que amor não é acionado, nem chega com hora marcada.
Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade.
Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável.
Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um": duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava.
Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.
Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos.
Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto.
Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto.
Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade.
Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas.
Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar

 

Apesar de...

... uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de.
Apesar de, se deve comer.
Apesar de, se deve amar.
Apesar de, se deve morrer.
Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente.
Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora
de minha própria vida.
Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você
enquanto você esperava um táxi.
E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito,
mas é o corpo que eu quero.
Mas quero inteira, com a alma também.
Por isso, não faz mal que você não venha,
esperarei quanto tempo for preciso.

Clarice Lispector





O Lobo do mar - Jack London

       O Lobo do mar é um romance de aventura realista e auto-biográfico narrado em primeira pessoa do escritor Jack London, este se inspirou em suas próprias experiências vividas em viagens marítimas pelo mundo para escrever.
       A obra narra as desventuras do náufrago Humphrey Van Weyden ao ser resgatado pelo navio pesqueiro Ghost comandado pelo capitão Lobo Larsen, um ser comandado unicamente por seus interesses e paixões.
      Apelidado de "Hump" pelo capitão o protagonista se vê obrigado a seguir viagem no navio. Diante dessa nova perspectivade vida ele inicia uma convivência conturbada e perigosa com pessoas aculturadas e violentas, o clima é tenso, pois os marinheiros sentem-se coagidos a seguir todas as ordens de Lobo Larsen, mesmo não concordando com elas. O clima no navio só melhora com a chegada de Miss Maud Brewster, outra náufraga que também fica à mercê dos caprichos do capitão.
      No desenvolvimento da narrativa podemos perceber que o autor se refere ao protagonista como um ser em constante evolução, já que após a experiência vivida no Ghost ele jamais será como antes.
      Além do mais, a tradução de Monteiro Lobato enriquece linguísticamente o romance, pois o escritor utiliza um vocabulário rico em de próclises, ênclises e mesóclises tornando assim a leitura envolvente e prazerosa.
      Desse modo, a obra faz refletir a respeito da natureza humana, quando esta se vê obrigada a conviver em situações adversas.

Leila
     

Felicidade

Sou feliz,
por que sinto vergonha
diante da fome e do desespero,
diante da flor e da solidão,
diante da alegria e da felicidade,
diante da natureza,
diante do sol considerador
e da lua perceptiva.
Por tudo isso aprendi a ser feliz,
e, assim, não consigo ser mais infeliz.
Eu sou feliz porque aprendi a olhar a vida.
Apenas.

José Maria de Souza Dantas