Formaturas infernais

      Formaturas infernais é uma obra que compila contos de terror, os acontecimentos se passam em festas de formatura. Cada conto tem sua peculiaridade e os desfechos são intrigantes.
      O livro reúne as autoras Meg Cabot, Stephanie Meyer, Kim Harrison, Michele Faffe e Lauren Myracle, todas abordam temas que mostram formaturas como eventos aterrorizantes.
      O conto "A filha da exterminadora" relata as desventuras de Mary uma jovem que tenta a todo custo matar o vampiro que transformou sua mãe. Para chamar a atenção dele ela resolve matar seu filho na festa de formatura. Este conto é interessante porque ele é narrado sob a perspectiva de cada personagem envolvido na trama, cada um relata os acontecimentos de acordo com sua visão.
      O conto "O buquê" é o mais assustador de todos, ao procurar uma vidente Frankie uma adolescente acaba adquirindo um buquê que segundo sua dona realiza desejos, o que a jovem não sabe é que os desejos têm consequências catastróficas. Ela faz o seu pedido, mas nem imagina de que modo ele irá se realizar.
      O conto "Madison Avery e a morte" relata a história de Madison  uma jovem que conhece um lindo rapaz no baile de formatura, ele, um sedutor a convence a deixá-lo levá-la para casa. No percurso ela percebe as intenções macabras do seu "príncipe encantado" mas não consegue escapar a tempo. O que seria apenas um simples baile de formatura acaba se tornando uma aventura que envolve vida e morte.
      O conto "Salada mista" narra a história de Miranda que tem que proteger Sibby uma deusa que está de passagem de seus perseguidores. Enquanto Miranda se preocupa em transportar Sibby pela cidade sem serem percebidas, a outra só pensa em se divertir. Procurando um esconderijo ambas vão para uma festa de formatura imaginando que ali estariam seguras, mas se enganam.  
      O conto "Inferno na Terra" se passa inteiramente num baile de formatura. Sheba um demônio vai ao baile para disseminar a maldade e o rancor, sua intenção é estragar a festa de todos os presentes. Mas ela não contava com a presença de Gabe um meio anjo que se aproxima dela e a cativa. Nem mesmo um demônio consegue resistir aos encantos de um anjo.
      Em todos os contos os finais são intrigantes, as narrativas se intercalam ora em primeira pessoa, ora em terceira pessoa, além de serem envolventes e rápidas.

Leila

Sorri - Charles Chaplin

Sorri,
quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios.
Sorri,
quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador.
Sorri,
quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos.
Sorri,
vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz.

Marley & Eu - John Grogan

      Baseado em acontecimentos reais o romance narra em primeira pessoa a tragetória da família de John Grogan ao lado de Marley, um labrador completamente indisciplinado e impossível de se adestrar, nas palavras do autor.
      John e Jenny  sua esposa são recém casados, para completar a família resolvem adquirir um cão. Sem experiência, acabam levando para casa um lindo filhote de labrador eufórico e hiperativo.
      Marley transforma a vida da família, pois com défcit de atenção não consegue aprender os ensinamentos de seu dono que se vê metido em muitas encrencas e situações vejatórias. Ele chega a ser expulso da escola de adestramento.
      A convivência entre eles dura em torno de treze anos, quando Marley já idoso se despede do mundo e de sua família. Todos sofrem muito com a perda do seu cão de coração puro, cujo amor e lealdade eram ilimitados.
      Podemos perceber na obra que apesar dos fatos narrados serem reais os personagens têm atitudes românticas, pois tentam a todo momento mudar as atitudes de seu cão para que este se iguale aos demais animais de sua raça e assim se torne "um cão perfeito".
      Além disso, em alguns trechos do romance vemos também que o autor na voz de seu personnagem dá voz à Marley, como se o cão pudesse expressar suas dúvidas e seus sentimentos mais profundos.
      Enfim, como os personagens humanos, Marley também é o personagem principal da trama, pois é por meio de suas intervenções desastrosas que a família cresce, ele ensina a seus donos o verdadeiro valor de uma amizade.
    
 Leila

Castigo - William James

      Seria difícil conceber castigo mais demoníaco, pudesse uma tal coisa ser posta em prática, do que abandonar uma pessoa à deriva na sociedade por forma a passar despercebida a todos os seus membros.
      Se ninguém se voltasse para nós ao ver-nos entrar em casa, se ninguém nos respondesse quando nós falássemos, ou se preocupasse com o que nós fizéssemos, mas se toda a gente que conhecêssemos nos «desligasse do mundo» e agisse como se fôssemos entidades inexistentes, não tardaríamos a ser tomados de uma espécie de desespero de raiva e impotência, de que a mais cruel das torturas corporais seria um alívio.

Vidas Secas - Graciliano Ramos

      Vidas secas é um romance ambientado no sertão, sua descrição realista narrada em terceira pessoa e o seu discurso direto mostram o retrato da luta pela sobrevivência de pessoas simples que sofrem com a seca no nordeste. O romance é escrito de forma peculiar, pois seus capítulos podem ser lidos de forma aleatória e independente, já que não influenciam o desenvolvimento e o decorrer da história.
      Fabiano e sua família, formada pela esposa Sinhá Vitória, pelos filhos não nomeados, chamados apenas de Menino mais Velho e Menino mais Novo, a cachorra Baleia e o papagaio iniciam uma migração para fugir da seca que assola a região, após alguns dias de caminhada encontram uma fazenda abandonada na qual Fabiano começa a trabalhar como vaqueiro. Por um breve espaço de tempo a família encontra sossego e abrigo.
      A ausência de comunicação entre os personagens é total, os personagens são introspectivos e fechados no seu próprio mundo, muitas vezes chegam a se comunicar somente por meio de sons e grunhidos.
      Sem se darem conta do que acontece à sua volta Fabiano e os demais menbros da família caminham num triste movimento cíclico de solidão interminável, devido ao abandono das autoridades e a desesperança, a única alternativa é a melancólica fuga, tanto de si mesmos como do sertão abrasador, uma fuga sem fim.
      No romance podemos perceber também a ausência de adjetivos, o autor usa esse recurso para tornar o romance "seco" assim como a seca, sem emoções e sentimentos. O que permanece na obra é a dura realidade, que aflige os humildes, estes, apenas se resignam com o próprio sofrimento
      Podemos perceber também no romance que os nomes dos personagens são carregados de significado e representações, o nome da cachorra Baleia significa "grandeza, força", por que ela encontra o alimento; Sinhá vitória representa a inteligência e força femininas; Fabiano representa o nordestino simples e humilde.
      Graciliano Ramos em sua obra retrata o sertão em sua forma mais dura, o período da seca é o que mais aflige o sertanejo, pois, sem condições de se manter migra para outras regiões buscando melhores condições de vida. Apesar de ser uma obra pessimista, e ter o seu estilo enxuto, o romance retrata a realidade melhor que a própria realidade.

Leila

Quem vai queimar? - Pitty

Encaixotem os livres
Desinfectem os cantos
Estuprem as mulheres
Brutalizem os homens
Despedacem os fracos
Enfeitem a moda
Sodomizem as crianças
Escravizem os velhos
Fabriquem as armas
Destruam as casas
Façam render a guerra
Escolham os heróis

E queimem as bruxas
Deixa queimar...
E queimem as bruxas
Quem vai queimar?

Empurrem conselhos
Forneçam as drogas
Engulam a comida
Disfarcem bem a culpa
Protejam a igreja
Perdoem os pecados
Condenem os feitiços
Decidam quem vai morrer
Contaminem a escola
Violentem os virgens
Aprisionem os livros
Escrevam a história

E queimem as bruxas
Deixa queimar...
E queimem as bruxas
Quem vai queimar?

Quem ordena a execução
Não acende a fogueira
(Pai, rogai por nós)
Quem ordena a execução
Não acende a fogueira
(Pai, rogai por nós)
Quem ordena a execução
Não acende a fogueira
(Pai, rogai por nós)
Quem ordena a execução
Não acende a fogueira
(Pai, rogai por nós)

E queimem as bruxas
Deixa queimar...
E queimem as bruxas
Deixa queimar...
E queimem as bruxas
Deixa queimar...
E queimem as bruxas
Quem vai queimar?

A Jesus Cristo Nosso Senhor - Gregório de Matos

Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
Da vossa alta piedade me despido;
Antes, quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.


Se uma ovelha perdida já cobrada,
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História:


Eu sou, Senhor, ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória


*-*

      Gregório de Matos, poeta e advogado, escrevia poesias críticas sobre a igreja católica. Apesar de não ser padre, ele tinha um cargo de confiança dentro da Igreja, convívio que acabou por influenciar em seus escritos poéticos.
      Em um de seus poemas, “A Jesus Cristo Nosso Senhor”, ele dá ênfase à questão do pecado e do perdão, tema que é uma das marcas mais fortes da Igreja.
      O poeta escreve de maneira argumentativa, de forma que, ao mesmo tempo em que se assume pecador, cobra o perdão (clemência) de um Deus misericordioso, algo percebido já na primeira estrofe quando ele escreve: “Pequei, Senhor” e “Da Vossa alta clemência me despido”.
      O restante do poema segue da mesma forma, ou seja, apresenta-nos o pecador que cobra o perdão através do arrependimento, conforme pode ser visto na segunda estrofe, exposto na antítese entre o pecado e o perdão: “Que a mesma culpa que Vos há ofendido”, "Vos tem para o perdão lisonjeado”.
      O poeta termina o poema (na quarta estrofe) assumindo uma postura humilde em relação ao Criador, quando se apresenta como uma “ovelha desgarrada”. Mas, a despeito disso, simultaneamente, assume um tom ameaçador, uma vez que coloca sob inteira responsabilidade do Senhor a salvação da sua ovelha e não no arrependimento que ela possa um dia vir a sentir a respeito dos seus pecados.
      Gregório de Matos teve ainda outros escritos sobre a Igreja nos quais enfatizava sempre a dualidade pecado/perdão. Por fazer parte da classe literária Barroca, seus poemas eram conceptistas, pois visavam o significado da palavra e as agudezas ou sutilizas do pensamento, além de terem um misticismo ideológico (“O Barroco: Espírito e Estilo”).
      Nesse sentido, vale destacar que a antítese barroca se centraliza na vida e morte, uma temática forte que acabou por influenciar o eu lírico do poeta, já que em seus poemas sacros (ele escreveu outros que não falavam sobre a Igreja) ele assume uma postura humilde (de pecador) diante de uma força maior e invisível.


Leila

O Matuto - Franklin Távora

      O matuto é um romance que retrata o conflito entre mascates e nobres no período do Brasil Colônia em Pernambuco. Nele Franklin Távora descreve minuciosamente todos os acontecimentos que culminaram em uma guerra sangrenta.
      Lourenço é um matuto que junto com sua família se vê envolvido nos acontecimentos que irão culminar na guerra, eles se separam logo no início do conflito e só se reencontram quando os nobres conseguem derrotar os insurgentes.
      Franklin Távora não segue os moldes da escola romântica, pois a família protagonista tem papel coadjuvante na história e o final se diferencia dos finais clássicos romanescos, ficando desse modo em aberto para uma possível continuação. É claro que o final é “feliz”, já que quem vence são os nobres e a família protagonista não sofre nenhuma baixa.
      Assim, podemos perceber que a intenção do autor não era a de escrever um romance tradicional, mas sim relatar fatos e acontecimentos reais ocorridos, fazendo-o de maneira singular, já que trabalhando em forma de prosa ele conseguiu que o relato deste triste fato de nossa história não caísse no esquecimento.

Leila

Escolho meus amigos pela pupila - Oscar Wild

 Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer,
mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco!
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim : metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças para que não esqueçam o valor do vento no rosto. 
E velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.


Os Sertões - Euclides da Cunha

      Euclides da Cunha foi repórter e testemunha de um dos fatos mais marcantes da nossa história: a Guerra de Canudos. Seu relato é uma descrição detalhada de acontecimentos sociais que fizeram com que o exército republicano atacasse o povoado.
      O autor divide o livro em três partes: a terra, o homem, o meio. Seguindo desse modo a classificação determinista de Taine que afirma ser o homem fruto do meio em que vive. Por isso ele inicia sua narrativa descrevendo minuciosamente o sertão, o clima e todas as dificuldades que cercam a figura do sertanejo.
      Antonio Conselheiro é a peça chave desse romance, após viver isolado durante anos, vagando pelo sertão, ele reaparece fazendo citações bíblicas e pregando a palavra de Deus. Logo, é aclamado messias por aquela gente pobre e esquecida que começa a segui-lo por toda a parte. Resolve afastar-se dos vilarejos devido alguns conflitos gerados pelos seus seguidores e no meio do sertão funda Canudos.
      Conselheiro se posiciona antirrepublicano o que chama a atenção das autoridades, são enviadas várias expedições com soldados da república para acabar com o vilarejo, mas não obtém sucesso. Indignados os republicanos fazem uma última investida que culmina com a “vitória”, que deixa muitos mortos de ambas as partes.
      A obra é um clássico de nossa literatura e por isso sua leitura é imprescindível, já que a obra leva o leitor a ter um conhecimento aprofundado sobre o contexto histórico do nosso país e as influências exercidas até hoje, não só no meio político mas também no social. Nelson Rodrigues já dizia: "Os Sertões, de Euclides da Cunha, foi o Brasil vomitado. Qualquer obra de arte, para ter sentido precisa dessa engolfada hedionda".
 
Leila

Antígone - Sófocles

      A tragédia Antígone é uma continuação de Édipo em Colono e parte final da sequência de dois livros que tratam da tragetória do herói Édipo em busca do seu destino.
      A história inícia-se quando Creonte, atual governante de Tebas após um conflito que terminou com a morte dos dois irmãos de Antígone baixa um decreto autorizando o sepultamento de apenas um dos dois, esse decreto opõe-se à vontade dos deuses e do povo tebano.
      Antígone indignada dá honras fúnebres ao irmão insepulto, Creonte ao perceber fica furioso e manda prendê-la, condenando-a à morte, com essa atitude ele deixa os deuses enfurecidos e todos os habitantes de Tebas revoltados, como consequência os deuses fazem recair muitas desgraças sobre a cidade.
     Alertado sobre os terríveis fatos ele tenta reverter os acontecimentos, o que já é muito tarde, pois os deuses já se voltaram contra ele e os membros de sua família.
      Nesta história percebe-se que o objetivo é o de ensinar a não desobediência aos deuses, por isso o seu caráter didático, aja vista, cada ato pensado ou não, têm suas consequências que podem recair sobre aquelas pessoas mais queridas e inocentes.

Leila


A casa

[...] Os donos anteriores, um funcionário aposentado dos correios e sua mulher, adoravam verde.
O lado externo de estuque era verde.
As paredes internas eram verdes.
As cortinas eram verdes.
As venezianas eram verdes.
A porta da frente era verde.
O carpete, que eles haviam acabado de comprar para ajudar a vender a casa, era verde.
Mas não era um verde vivo e alegre ou um verde esmeralda sofisticado,
ou até mesmo um verde-limão ousado,
mas um verde vômito-de-sopa-de-ervilha com um colorido cáqui.
A casa tinha uma aparência de barraca de campo de exército.

 Trecho retirado da obra: "Marley & Eu" de John Grogan

Dia do professor - Verdades da Profissão

Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho.

A data é um convite para que todos, pais, alunos, sociedade, repensemos nossos papéis e nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação que queremos. Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem “águias” e não apenas “galinhas”. Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda.

Paulo Freire

O Ateneu - Raul Pompéia

      O romance conta as desventuras de um menino que vai estudar em um colégio interno chamado Ateneu, este se impõe como exemplo de boa educação e disciplina, mas o que o protagonista percebe é que no fundo o colégio ao invés de formar boas condutas, acabava por deformá-las ao longo do tempo.
      Sérgio é o auter ego de Raul Pompéia, ou seja, o escritor utilizou-se da ficção para escrever sobre as próprias sensações que teve no período em que se encontrou neste internato, elementos auto-biográficos podem ser encontrados ao longo de todo o romance, por isso é considerado um romance de memórias.
      As cenas relatadas têm alto grau de descrição, os personagens são construídos a partir das impressões do autor. Além disso, o foco no romance é a trasnformação/renovação, pois o incêndio do Ateneu marca o fim de uma fase e o início de outra para o protagonista.
      A obra é de difícil classificação literária, já que a todo isntante podemos perceber características ora naturalistas, ora realistas entre outras. Mas o leitor mais atento verá que esse tipo de classificação não cabe na obra, pois quando estabelecemos a classificação de uma escola literária em um romance vemos que o narrador assume uma posição de observador, e no Ateneu o narrador não apenas observa mas faz parte do contexto (participa), ou seja, ele narra aquilo que sente e não o que vê.

Leila


Fácil e difícil

Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião...
Difícil é expressar por gestos e atitudes, o que realmente queremos dizer.

Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias...
Difícil é encontrar e refletir sobre os seus próprios erros.

Fácil é fazer companhia a alguém, dizer o que ela deseja ouvir...
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer a verdade quando for preciso.

Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre a
mesma...
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer.

Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado...
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece.

Fácil é viver sem ter que se preocupar com o amanhã...
Difícil é questionar e tentar melhorar suas atitudes impulsivas e às vezes impetuosas, a cada dia que passa.

Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar...
Difícil é mentir para o nosso coração.

Fácil é ver o que queremos enxergar...
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto.

Fácil é ditar regras e,
Difícil é segui-las...

(*) Título original: Reverência ao destino (Carlos Drummond de Andrade)

Inocência - Visconde de Taunay

      Inocência é uma história ambientada no sertão, apesar de ser um romance a descrição da natureza é realista e mostra as dificuldades que os moradores desses lugares passam com a seca e os meios de transporte precários.
      A obra é um romance romântico, percebemos que as personagens femininas são idealizadas, há o impedimento amoroso estratégia literária e a religiosidade muito forte, além do final surpreendente.
      Ao escrever a obra Visconde de Taunay faz uma retomada da tragédia Romeu e Julieta colocando características trágicas no romance. Também podemos encontrar o uso de metáforas, além disso, a linguagem usada pelo escritor é simples e fiel à linguagem local do sertanejo.
      Inocência é uma moça simples e inocente do sertão prometida em casamento que acaba se apaixonando pelo médico que a  trata de uma enfermidade. O amor é correspondido e os dois passam a sofrer as angústias desse amor impossível, até o desfecho trágico.
      Na obra percebemos que o patriarcalismo é muito forte na história, pois Inocência por ser extremamente submissa e obediente ao pai não manifesta sua opinião, nem suas vontades.
      Além do mais Inocência remete a inocente, pura, que é exatamente  o perfil da personagem no romance.


Leila

Pedido

[...] Espero em Deus que quando eu voltar e entrar pela porta,
o telhado desabe.
Espero que as paredes verguem
e eu seja esmagado pelo peso do concreto,
da madeira e do tijolo.
É isso o que eu quero.
Que alguma força acabe comigo.
Não posso fezê-lo sózinho.
Se somente o revólver cometesse o suicídio por mim.
Ou uma explosão de gás
com suas emanações mortais a meu pedido,
ou o corte da navalha em minha carne
por solicitação.

Trecho tirado do conto "Casa Louca" contido na obra "Eu sou a Lenda" de Richard Matheson.

A Escrava Isaura - Bernardo Guimarães

      O romance ambienta-se em Campos no estado do Rio de Janeiro e traz como pano de fundo a escravatura no Brasil.
      A obra é extremamente romântica, há um grande sofrimento por amor, que é ocasionado pelo impedimento amoroso, característica literária muito presente nesse tipo de romance, o antagonista é muito mau e corrupto, além disso as cenas são descritivas e cheias de emoções.
      Bernardo Guimarães era um escritor abolicionista e usou seu romance para chamar a atenção da sociedade, pois descreve uma “escrava branca”, fina, educada e linda capaz de se passar por uma dama da corte. O objetivo do autor era o de sensibilizar o povo para que este pudesse enxergar o verdadeiro sofrimento dos escravos.
      Isaura ao nascer é levada para a Casa Grande e criada pela Senhora como uma “daminha”, sua educação refinada chama a atenção de todos, principalmente de Leôncio, que deseja a todo custo possuí-la. Ela apaixonada por um fidalgo recusa-se a ceder e foge, mas é capturada por seu antagonista e fica presa na sensala com os outros escravos.
Alvaro seu grande amor luta com todas as suas forças para livrar a amada das mãos do inimigo cruel.
      O final satisfaz a leitora da época, pois tem final feliz.


Leila


Charles Baudelaire

Embriagai-vos
É necessário estar sempre bêbado.
Tudo se reduz a isso;
eis o único problema.
Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo,
que vos abate e vos faz pender para a terra,
é preciso que vos embriagueis sem cessar.
Mas de quê?
De vinho, de poesia ou de virtude,
à vossa escolha.
Contanto que vos embriagueis.

*-*

A gramática, a mesma gramática,
transforma-se em algo parecido a uma feitiçaria evocatória;
as palavras ressucitam revestidas de carne e osso,
o substantivo, em sua majestade substancial,
o adjetivo, roupa transparente que o veste e dá cor como um verniz,
e o verbo, anjo do movimento que dá impulso à frase.



Édipo em Colono - Sófocles.

      A tragédia “Édipo em Colono” traça a tragetória do herói Édipo após seu desterro de Tebas e de como ele alcançou a bem- aventurança dos deuses, resignando-se e aceitando o seu destino. Esta história é uma continuação direta de Édipo Rei e se passa em Colono, nela o personagem já se apresenta cego e marcado pelo sofrimento, deixando-se conduzir por sua filha.
      Os acontecimentos se dão quando Édipo juntamente com Antígone sua companheira de desterro chegam à cidade de Colono, alertado pelos moradores de que o local onde se encontra é santo pede para não ser expulso dali, pois pressente ter encontrado o seu destino.
      Teseu, governante da cidade é chamado para conversar com Édipo e diante da sua insistência garante dar-lhe segurança, não permitindo que nenhum mal aconteça a ele nem a sua filha, Édipo faz esse pedido devido ao fato de saber que Creonte tem intenções de levá-lo de volta à Tebas, visando receber as graças predistas pelos deuses, o desenrolar dos fatos levam a um desfecho interessante que não é o fim, já que a história fica em aberto, continuando posteriormente.
      Pelo seu caráter didático essa tragédia ensina que o destino de cada pessoa já está traçado desde o seu nascimento e é imutável, pois a partir do momento em que o indivíduo o aceita, o próprio deus o conduzirá.
Leila

Eu sou a Lenda - Richard Matheson

     A obra conta a história de Robert Neville, o único ser humano da terra que não foi infectado por um vírus devastador, causador do vampirismo.
      No romance o protagonista vive uma vida solitária em um mundo totalmente destruído, as formas de "vida" com as quais convive são os vampiros (mortos-vivos) que tentam de todas as maneiras matá-lo, ele por sua vez, extermina-os tão logo amanhece o dia.
      Com o passar dos anos Neville torna-se introspecto e carrancudo e passa seus dias pesquisando uma cura para o vírus. Um dia ele encontra uma moça perdida e a leva para casa, suas esperanças de restaurar a raça humana retornam. Mas, ao descobrir que Ruth também é um deles ele percebe que é o último ser humano na face da Terra e que uma nova sociedade está surgindo a qual ela já não faz mais parte.
      A narrativa é em terceira pessoa, o narrador onisciente se encontra fora dos acontecimentos, assim ao mesmo tempo que narra a história, também sabe todos os fatos, o que o personagem sente ou pensa.
      A obra pode ser ambientada em qualquer época, pois retrata um mundo devastado e sem vida. Além do mais, devido ao caráter trágico da obra o leitor é conduzido a realizar uma reflexão sobre o comportamento humano em momentos de extrema solidão e esteresse. 

Leila

Machado de Assis

Deus,
para a felicidade do homem,
 inventou a fé e o amor.
O diabo,
 invejoso,
 fez o homem confundir
 fé com religião
e amor com casamento.


*-*

Cada estação da vida é uma edição,
que corruge a anterior,
e que será corrigida também,
 até a edição definitiva,
que o editor dá de graça
aos vermes.

Triste Fim de Policarpo Quaresma - Lima Barreto

      Lima Barreto foi um escritor extremamente compatriota e nacionalista, seu objetivo assim como de outros escritores de sua época era a exaltação do Brasil.
      O personagem Policarpo Quaresma era um reflexo das intenções do escritor, nacionalista ao extremo o protagonista reverenciava tudo o que fosse verdadeiramente brasileiro chegando a ser exagerado e fanático.
Por isso, Policarpo não era bem visto por seus amigos, devido ao fato de ter muitos livros em casa. Suas ideias de valorização do Brasil eram tão firmes e convictas que ele acabou indo parar em um hospício.
      Em seguida o protagonista engaja-se como soldado na guerra pensando que assim irá colaborar com a exaltação da pátria, mas engana-se, e só depois de se encontrar preso por escrever uma carta ao seu comandante, percebe que tudo aquilo pelo que lutou e sonhou foi em vão.
      No romance podemos encontrar o uso de ironias, linguagem simples, a crítica à sociedade do Rio de Janeiro, ao artificialismo literário, aos livros e à leitura.
A obra foi primeiramente publicada em folhetim e muitos dos fatos ocorridos no romance tem características auto-biográficas.


Leila


Richard Matheson

Vampiro
O vampiro pode causar taquicardia e fazer arrepiar cabelos.
Mas será pior que o pai que dá à sociedade o filho neurótico que se torna um político?
Será pior que o industrial que estabelece fundações tardias com o dinheiro que ganhou entregando bombas e armas para nacionalistas suicidas?
Será pior que o destilador que fornece suco de cereal fermenteado para estupidificar ainda mais os cérebros daqueles que, sóbrios, são incapazes de um pensamento proguessista?
[...] Seria ele pior, então, que o editor que enche estantes em toda parte com desejos de luxúria e morte?
Realmente, agora, busque em sua alma, amorzinho: será o vampiro tão mal?
Tudo que ele faz é beber sangue.


Senhora - José de Alencar

      Senhora é um romance ambientado na corte do Rio de Janeiro, o seu tema central é o dinheiro e a corrupção humana, por isso ele é considerado um romance contratual de compra e venda.
      A obra é um romance romântico, pois podemos perceber características literárias como a idealização da mulher, a falta de densidade psicológica dos personagens (planos) e o impedimento amoroso.
      Aurélia é uma moça pobre que recebe uma herança e resolve “comprar” seu marido, um ex-namorado que a tinha abandonado. Por meio de um agente é feito o contrato de casamento que ambos assinam. Após a assinatura dos papéis Aurélia declara ao marido que agiu por vingança, ele indignado passa a se comportar como um empregado. Seguem desse modo até o momento final, o desfecho contradiz todas as espectativas do leitor.
     O romance é dividido em quatro partes: O preço; Quitação; Posse; Resgate. Ele pode ser comparado a uma novela já que o desfecho se dá somente na última cena.
Vemos também a inversão de valores, pois quem tem o domínio das ações é a personagem feminina enquanto a masculina assume papel submisso, José de Alencar usa esse modo de escrever para criticar a sociedade da época.

Leila

H.G.Wells

Mas quem viverá nesses Mundos,
se forem habitados?...
Somos nós ou eles
os Senhores do Mundo?...
E serão todas as coisas feitas para o homem?

A Guerra dos Mundos - H.G.Wells
KEPLER (citado em A Anatomia da Melancolia).

Cicatirz

...uma cicatriz nunca é feia.
Isto é o que aqueles que produzem as cicatrizes querem que pensemos.
Mas você e eu temos de fazer um acordo e desafiá-los.
Temos de ver todas as cicatrizes como algo belo.
[...] Porque acredite em mim, uma cicatriz não se forma num morto.
Uma cicatriz significa: Eu sobrevivi.

(Chris Gleave em Pequena Abelha)

Semântica

O objetivo principal do livro “Semântica” dos escritores Rodolfo Ilari e João Vanderley Gerald é tratar das questões pretinentes a significação das construções gramaticais, nele são abordados temas relativos à operações semânticas e significações de palavras. Para os autores o predicado estabelece uma relação com o sujeito que pode ser unoversal ou particular, já que na construção do predicado são preenchidas lacunas a partir de expressões nominais que tem função de argumento.
A ambiguidade é dada frequentemente com a dupla leitura da frase que pode ter vários sentidos para o leitor. No caso dos sinônimos os autores afirmam que não existem sinônimos perfeitos, pois não basta denotarem os mesmos conjuntos de objetos, mas sim uma mesma propriedade.
O fenômeno da negação se dá pela hipótese de que a negação indica que há imcompatibilidade entre o sujeito e o predicado, ela não somente modifica o verbo mas também o sujeito.
Desse modo, se conclui que toda palavra é carregada de significação dentro de um contexto específico, podendo remeter à vários significados, isso depende de onde ela está inserida na frase e das possíveis interpretações que o leitor faz.


Leila


ILARI, Rodolfo; GERALDI, João Wanderley. Semântica. 4. ed. São Paulo: Ática, 1990.

O Português da Gente

      O objetivo principal do livro “O Português da Gente: a língua que estudamos a língua que falamos” de Rodolfo Ilari e Renato Basso é o de verificar as origens do português e a sua difusão através dos descobrimentos. Nele os autores fazem uma retrospectiva histórica e diacrônica a respeito da origem e evolução da língua portuguesa, além dos empréstimos recebidos de outras línguas.
      Sabe-se que o português passou por muitas fases até ter sua ortografia sistematizada por Camões. As situações de multilinguimo e biliguinsmo eram constantes, além das variações diacrônica, diastrática e diamésica que procuravam distinguir mudanças internas e externas no sistema liguístico.
      Os autores afirmam que no Brasil-Colônia a difusão do português se deu através da população afro-descendente e mestiços nos grandes ciclos econômicos. Além disso, pode-se dizer que na época houve o convívio de duas variedades distintas de português e que ainda hoje há esse tipo de convívio de duas normas denominadas sub-stantard (das populações mais simples) e a padrão (culta).
      Além do mais, o latim teve um papel importante na formação da língua em seu uso falado e escrito, só posteriormente teve o seu uso literário, onde este era usado por muitos gramáticos e escritores para enriquecerem a linguagem.


Leila

ILARI, Rodolfo; BASSO, Renato. O Português da Gente: a lígua que estudamos a língua que falamos. 1.ed., São Paulo: Contexto, 2007.