Amor é...

Vida
É o amor existencial.
Razão
É o amor que pondera.
Estudo
É o amor que analisa.
Ciência
É o amor que investiga.
Filosofia
É o amor que pensa.
Religião
É o amor que busca a Deus.
Verdade
É o amor que eterniza.
Ideal
É o amor que se eleva.
É o amor que transcende.
Esperança
É o amor que sonha.
Caridade
É o amor que auxilia.
Fraternidade
É o amor que se expande.
Sacrifício
É o amor que se esforça.
Renúncia
É o amor que depura.
Simpatia
É o amor que sorri.
Trabalho
É o amor que constrói.
Indiferença
É o amor que se esconde.
Desespero
É o amor que se desgoverna.
Paixão
É o amor que se desequilibra.
Ciúme
É o amor que se desvaira.
Orgulho
É o amor que enlouquece.
Sensualismo
É o amor que se envenena.
Finalmente, o ódio, que julgas ser a antítese do amor, não é senão o próprio amor que adoeceu gravemente.

Francisco Cândido Xavier



O Incrível Homem que Encolheu - Richard Matheson

      Narrada em terceira pessoa a  obra "O Incrível Homem que Encolheu" conta a história de Scott que, um dia em um passeio de barco entra em contato com a água de chuva de uma nuvem misteriosa. Esse foi o princípio de tudo.
      Após esse evento singular em sua vida, Scott percebe que todos os dias ele perde centrímetros em sua estatura a "doença" parece irreversível. Sua esposa e família são agora para ele gigantes inalcançáveis; o gato da casa, uma terrível ameaça, o protagonista precisa lutar pela sobrevivência em um mundo que se torna cada vez maior e perigoso.
      No romance percebemos a existência de um narrador onisciente e onipresente que acompanha o personagem principal, ele conhece os pensamentos mais profundos do protagonista, suas angústias e dúvidas, além disso, conduz  o leitor e o mantém informado no decorrer da narrativa.
      A obra é um romance de terror que conduz o leitor à uma reflexão sobre o que realmente é importante na vida de uma pessoa - trabalho, família, amigos.
      O final surpreende ao mesmo tempo que deixa o leitor querendo mais.
      A obra reune ainda outros contos consagrados de Richard Matheson como "Pesadelo a 20.000 pés, O teste", entre outros. Todos macabros e surpreendentes.

Leila

Língua Portuguesa - Clarice Lispector

Esta é uma confissão de amor:
amo a língua portuguesa.
Ela não é fácil.
Não é maleável.
E, como não foi profundamente trabalhada pelo pensamento,
a sua tendência é a de não ter sutilezas
e de reagir às vezes com um verdadeiro pontapé
contra os que temerariamente ousam
transformá-la numa linguagem
de sentimento,
de alerteza
e de amor.
A língua portuguesa é um verdadeiro desafio
para quem escreve.
Sobretudo para quem escreve
tirando das coisas e das pessoas
a primeira capa de
superficialidade.

Menino de Engenho - José Lins do Rego

      Narrada em primeira pessoa a obra conta a história do narrador-protagonista Carlinhos. Ele conta a sua infância no engenho de açúcar Santa Rosa de propriedade de seu avô materno, o Coronel José Paulino, para onde vai após um começo de narrativa trágico: quando tinha quatro anos, o pai assassinou sua mãe e foi internado em um hospício para tratamento psiquátrico.
      A obra é um romance memorialista, pois o protagonista retoma suas memórias para escrever sobre o período em que viveu no engenho. Desse modo, o leitor tem acesso somente aos fatos e conhecimentos narrados pelo personagem central que tem  uma visão idealizada e romântica a respeito do engenho e de seu avô.
      Durante a narrativa percebemos a influência patriarcal e escravocrata que fazem parte da infãncia do menino, pois  a ferramenta que movia o engenho era a exploração da mão-de-obra escrava.
      Carlinhos é um personagem melancólico, nostálgico e peralta. Ele não tem introspecção psicológica (personagem plano) e a sua linguagem é espontânea, por não ter responsabilidades, devido ao convívio com os escravos deu inicio à sua vida sexual precocemente, a "brincadeira" só acabou quando seu avô resolveu mandá-lo estudar em um internato.
      No romance vemos que os personagens são marcados pelo determinismo, devido ao meio onde convivem. Além disso, vemos também a presença marcante do nacionalismo, pois a obra retrata a realidade brasileira cocomitantemente com as superstições e o folclore local. 
      Podemos perceber também que o autor usa recursos orais linguísticos simples, dando ênfase na linguagem regional para assim, aproximar a obra do leitor.   
       Enfim, Menino de Engenho é um romance nordestino que está relacionado ao ciclo da cana-de-açúcar, já que retrata o Brasil pré-industrial com a expansão da indústria têxtil e a decadência dos engenhos de cana devido ao êxodo rural. Desse modo, os fazendeiros que inicialmente empobrecem, devido à perda de capital e mão de obra, vão enriquecer novamente, mas desta vez por meio da indústria. 

Leila

Ocasiões de ficar calado - Fernando Sabino

_ Como vai indo seu marido, que há tanto tempo não vejo?
_ Meu marido morreu há dois anos, o senhor não sabia?
Cumprida a primeira parte da gafe, saio impávido para a segunda:
_ Que coisa terrível, eu não sabia! Me desculpe, mas andei viajando...
E não tendo mais o que dizer, repito para o cavalheiro que a acompanha:
_ Terrível, não acha?
Mas ele não pensa assim:
_ Não acho não: sou o atual marido dela.
A consciência de que a gafe em geral se compõe de duas partes distintas. Ficar sempre na primeira, jamais tentar consertar. Ao contrário da Loteria Federal, não insista, desista! Eis o que eu, empedernido praticante, tenho a aconselhar aos meus companheiros de infortúnio. A gafe é vertiginosa e se faz anteceder de uma espécie de aviso, antecipa-se na sensação de que caminhamos no ar, como num desenho animado:
_ Como foi bom encontrar você! Eu já estava achando esta festa chatíssima. Vamos embora daqui?
_ Não posso, sou a dona da casa.
Ou esta outra, mais comum ainda:
_ Com aquela mulher ali eu não dormia nem de graça.
_ Aquela mulher ali é a minha esposa.
Se o infeliz acrescentar que neste caso dormia sim, não estará apenas caindo de quatro: estará se precipitando no abismo da mais imperdoável inconveniência, que vem a ser a repetição literal de uma velha anedota.
São gafes tradicionais, decorrentes em geral das relações de parentesco ou dos encontros de circunstância, a que os mais insensatos como eu raramente escapam. Não há como resistir ao poder magnético dos assuntos traiçoeiros, que vão espalhando armadilhas a cada passo, e nos levam sempre a falar em corda justamente na casa do enforcado.
Se sabemos que a gafe é irreversível, por que tentamos teimosamente remendá-la, afundando-nos cada vez mais?
É que ela nem ao menos é sincera. Fôssemos autênticos e verazes na convivência, a gafe se desarmaria ao peso de sua própria legitimidade. E deixaria de ser gafe.
Fois essa, pelo menos, a solução encontrada por um amigo meu, vítima também dessa maldita sina, e que ontem me dizia ter-se conformado, passando a praticá-la deliberadamente.
_ Você é parente dele? Que horror!
_ Morreu? Meus parabéns.
_ Não sei como você, tão simpática, pode ter um marido tão chato.
_ Fui cair logo ao seu lado neste banquete, mas veja só que azar o meu.
_ Aliás, pelo que eu soube, a senhora não é tão velha quanto parece.
_ Não aguentei ler até o fim. Ah, foi o senhor que escreveu? E ainda tem coragem de confessar?
Com isso ele passou a ser considerado homem do mais fino espírito – excêntrico, desconcertante, é verdade – mas de esmerada educação. Apesar de tudo, outro dia recebeu o troco que lhe era devido, funcionando desta vez como receptor de uma gafe, ao dizer a uma jovem que está escrevendo um romance: a história de um mau-caráter. E ela, inocentemente:
_ Autobiográfico?

A hora da estrela - Clarice Lispector

      O romance narrado em terceira pessoa conta a história de Macabéa uma jovem alagoana, virgem e ignorante que veio morar no Rio de Janeiro com uma tia que cuidava dela desde pequena. Quando sua tia morreu, ela mudou-se para um quarto de pensão e começou a trabalhar como datilógrafa. Um dia ela conheceu Olímpio de Jesus um metalúgico paraibano, ambos iniciaram um namoro sem muito diálogo. Ao perceber que Macabéa era uma moça humilde e pobre Olímpio abandonou-a por outra moça, filha de um açougueiro do bairro. Macabéa era tão ingênua que não percebia a realidade ao seu redor (não se percebia no mundo), agia de forma inconsciente.
      Também temos o narrador onipotente e onisciente Rodrigo S. M., que constitui um dos personagens centrais do romance, pois, ao mesmo tempo em que ele criou e narrou a vida de Macabéa, acabou por identificar-se com ela, mesmo quando a agredia.
       Na obra podemos perceber a presença de ironias e metáforas além da narrativa simples, já que não usa termos linguísticos complicados, a densidade psicológica é muito presente devido à introspecção dos personagens. Além disso a autora no romance faz crítica ao preconceito, à miséria e à infidelidade humana.
      Percebemos também que os nomes dos personagens principais  são metafóricos e carregados de significado, Macabéa vem de Macabeus (livro bíblico) e Olímpio vem da mitologia grega.
      Finalmente, vemos que a autora em sua obra tenta simplificar a condição humana em relação à morte, esta é comparada com o surgimento de uma supernova no universo, pois a morte de uma estrela gera outro universo, Macabéa vira estrela no momento que transcede dessa vida para outra. É o único momento no romance que a protagonista é percebida pelos outros.

Leila

pronominais - Osvald de Andrade

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.

Dexter: A mão esquerda de Deus - Jeff Lindsay

       A obra é  um romance policial e conta a história de Dexter Morgan um perito em borrifos de sangue que trabalha na polícia de Miami. Ele leva uma vida aparentemente normal, trabalha durante o dia na delegacia com sua irmã Debby e  tem uma namorada chamada Rita.
      A vida do protagonista só não seria comparável à de um cidadão comum por que ele esconde um terrível segredo, Dexter é um serial-killer.  Devido ao fato dele ser assassino ele conhece a mente dos criminosos e, por isso seus palpites são de grande valia para seus colegas de trabalho.
      Dexter é um sociopata sombrio, calculista, frio e ao mesmo tempo adorável, com um ótimo senso de humor, exatamente o tipo de rapaz que qualquer pai gostaria que a filha namorasse.
      No romance Dexter se vê às voltas com um assassino misterioso que desafia sua perspicácia, as mortes são enigmáticas e só o protagonista pode resolver pois tem a mesma mentalidade do assassino. O desfecho desse mistério guarda uma revelação bombástica para Dexter.
      Por ser narrado em primeira pessoa o romance é envolvente, pois nos dá a visão do personagem principal que conta sua própria história, além de seus sentimentos, angústias e sensações. 
      Outro ponto importante que podemos perceber é o fato de  Dexter usar uma máscara (criada por ele) para se ajustar ao mundo "normal" onde vive e assim passar despercebido. Ele usa essa máscara metafórica a maior parte do tempo, e somente quando está matando é que se revela verdadeiramente.
      Percebemos também na obra que Jeff Lindsay se utiliza de um humor negro e ironias finas para tornar o personagem agradável e simpático. Uma delas é justamente o protagonista ser assassino e trabalhar em uma delegacia de polícia sem ter a sua verdadeira face desmascarada.

Leila

Ame... - Adam Macedo

Ame...
Se você hoje é feliz
E ame se a felicidade é ainda ilusão de um futuro que nunca chegou ou de um passado ,
que você não captou .
Ame...
se você tem lutas e se as lutas lhe troussessem ,
de amargas e sofridas derrotas.
Ame..
se você é um sucesso .
Ame...
se é belo e bela é sua alma mas ,
ame também se a natureza não foi lhe mais que madrasta .
Ame...
se lhe perdoarem mas perdoe com amor,
aos que se perdoam não sabem .
Ame...
quando lhe sorriem .
É com seu sorriso transforma em sorrisos ,
a tristeza de alguém .
Ame...
quem lhe fere.
Ame...
até que ferir ela não possa mais .
Ame ...
a DEUS .
Ame...
ao próximo.
Ame...
a VOCÊ mesma (o).

1984 - George Orwell

      O romance escrito por Orwell retrata um mundo dividido em três grandes superestados: Eurásia, Lestásia e Oceania. Os cidadãos são constantemente vigiados por teletelas (grandes aparelhos de TV instalados por toda parte), estas permitiam que o Grande Irmão vigiasse os cidadãos, mantendo um sistema de opressão coesivo e injusto. Assim, ele ficava informado sobre toda e qualquer atitude das pessoas, inclusive seus pensamentos. Quem pensasse de maneira diferente, cometia crimidéia (crime de idéia em novilíngua), seria preso pela Polícia do Pensamento e vaporizado, ou seja, a pessoa tinha seus dados excluídos do sistema, deixava de existir e desaparecia completamente.  
      A transformação da realidade é o tema principal de 1984. Disfarçada de democracia, a Oceania vivia um regime político totalitário desde que o IngSoc (o Partido) chegou ao poder sob o comando do onipresente Grande Irmão (Big Brother).
      Por ser narrado em terceira pessoa, o narrador tem acesso aos pensamentos e sentimentos mais profundos dos personagens, além disso, a narrativa envolvente prende o leitor do início ao fim, sendo que o final é surpreendente.
      A  obra conta a história de Winston Smith, membro do partido externo, funcionário do Ministério da Verdade. Sua função é reescrever e alterar dados de acordo com os interesses do Partido, ele costumava questionar a opressão que o Partido exercia nos cidadãos.
      Certo dia ele conhece Julia uma linda jovem, também membro do Partido, os dois passam a se relacionar mesmo sabendo que eram proibidos relacionamentos internos. Os amantes se encontravam de forma furtiva até que foram descobertos e presos pela Polícia do Pensamento. Ambos são levados para o interior do Partido onde são torturados, tanto fisicamente quanto psicologicamente.
      Inspirado na opressão dos regimes totalitários das décadas de 30 e 40, o livro não se resume a apenas criticar o stalinismo e o nazismo, mas toda a nivelação da sociedade, a redução do indivíduo em peça para servir ao estado ou ao mercado através do controle total, incluindo o pensamento e a redução do idioma. Winstom Smith representa o cidadão-comum, com seus questionamentos e revoltas, vigiado pelas teletelas e pelas diretrizes do Partido.
      Orwell escolheu o nome do protagonista em homenagem ao primeiro-ministro Winston Churchill, por ser um sobrenome comum na Inglaterra.
      A obra-prima foi escrita no ano de 1948, mas seu titúlo foi invertido para 1984 por pressão dos editores. A intenção de Orwell era descrever um futuro baseado nos absurdos do presente.

Leila


Desilusão

Como tudo é triste e feio,
sempre igual,
sempre odioso.
Como sonho com uma terra mais bela,
mais nobre,
mais variada.
Como seria pobre a imaginação do seu Deus,
se este Deus existisse
ou se não tivesse criado outras coisas,
em outro lugar.
Sempre bosques,
bosquezinhos,
rios que se parecem com rios,
planícies que se parecem com planícies;
tudo é semelhante e monótono.
E o homem!... O homem?...
Que animal horrível, perverso,
orgulhoso e repugnante.

Trecho tirado da obra:"Contos fantásticos" de Guy de Maupassant